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Daily Magazine on Underground House Music, Broken Beat, Contemporary Jazz & Soulful Vibes
Ouvir Hip Hop baixinho no meu quarto sou eu! Os ritmos, o bass e as palavras. Sejam elas edificantes ou não. As melodias... tudo isto preenche-me. Aqui tenho os meus livros, as minhas gavetas, os meus blocos de notas, os meus candeeiros, a minha cama, as minhas colunas e as minhas plantas. Tudo é meu.
Pá... mas sem o meu som a tocar seria tudo de outro tipo qualquer. ✌
Vou ter que abordar a situação Yogisoul...
Yogisoul - "Kodak Gold (feat. Ivan Ave & MoRuf)"
Um tipo monstruosamente talentoso chega vindo de Londres. Na Playlist #44 já tinha postado "Talk To Me, You'll Understand" mas hoje o dia é dele! Subi ao Sótão e mando daqui ao infinito, aquilo que tenho ouvido. Com um novo EP aí ao virar da esquina ("You'll Understand" disponível a 17/06), ponho a imaginação a funcionar.
Fico numa noite que vai acabando com um sentimento de vitória. A expectativa investida compensou e sinto-me herói. Conduzo de janela aberta rumo ao Sótão. A claridade progressiva no horizonte e Ross From Friends. As cruas "Reebok" drums... a asperidade das batidas misturadas com sons e tempos de onda máxima! Acelero e sinto a vertigem na barriga....
Do Sótão pró infinito!
PS: Sim. O nome é referente à personagem interpretada por David Schwimmer em "Friends". Lembro-me que Ross era um gajo com imensas pancas... uma delas a composição de música num teclado miserável usando sons de animais. pfff....
Esta #44 é feita na minha mota. Capacete aberto, só porque não posso andar sem ele. Os headphones bem colocados, só porque ninguém repara nesta ilegalidade. E os óculos escuros, só porque sim. O tempo de fim-de-semana já foi embora mas fico com estas faixas e um tom de pele mais escuro. Olho-me no espelho. Para o meu cabelo que está comprido e para a minha barba que foi ficando loira. Olho para minha playlist e olho para trás no tempo. O que aconteceu nos últimos anos? Não interessa. Estou aqui. Assim. E muito bem.
Velocidade pouco moderada na marginal. Estou na #44.
Na senda das brisas quentes! Tropicalidade evidente nestas três faixas que vos deixo... a sonoridade faveleira está de volta ao Sótão. São três, também, os parceiros que compõem Sansai, que nos últimos tempos tem rodado por aqui nas alturas certas...
Há umas semanas deparei-me com "diferente" e colei. Sempre aquele cutu txa txa que me balanceia de um lado para o outro, sempre aquela letra puxadinha que só sairá da minha boca nas alturas certas...
Sansai - "diferente"
Mas há mais: "ralo//prensando carioca" abusará dos púdicos ouvidos que andam por aí. "Me desculpa", mas aqui no Sótão roda disto. Como disse antes: nos momentos certos. Já "bueiro" é um ouro desta minha vida, que me vicia e me faz carregar no play para a ouvir obstinadamente, em repetição. Como um louco a perder o controlo... .
Fui ao portátil de manhã, altura para fazer a minha ronda pelos sites que me fornecem mais música. A lista não é pequena, mas hoje fiquei-me pelo primeiro. A viagem marcada para zonas tropicais faz me sentir estes sons de maneira diferente... Pesquisei o original da tobaguenha Rose, e percebi que o remix estava fiel ao original. Importante, sempre! Dá-lhe, no entanto, a habilidade de me fazer pedir qualquer coisa que meta rum e de me fazer encaminhar para a pista de dança, ajeitando a minha camisa que já ficou aberta.
Calypso Rose - "Calypso Queen"
O sul-africano Mo Laudi, pioneiro do afro-electro dos anos 2000, reinventa o single do novo álbum de Rose, mãe de todas as flores. Programado o lançamento do álbum "Far From Home" para 27 de Maio, esta senhora caribenha, dos seus 60 anos, chama a atenção do mundo da música.
Prevê-se algo de especial e influenciador. De entre as colaborações contam-se entre outros, Manu Chao, Amadou & Mariam e Metronomy. "Mas o que é que vem lá?", pergunto eu! Para já, o remix está no ponto! Brisas quentes neste Sótão...
A #43 começa com o novo single retirado de "99.9%", que após duas semanas continua a ser o meu atalho preferido quando não consigo decidir o que ouvir. "Lite Spots" é fogo posto nos meus dias!
KAYTRANADA - "Lite Spots" de "99.9%"
As 7 do costume aqui em baixo... Abro aberto mas fecho fechado. Da luz para o escuro criado por candeeiros a apontar para baixo. Highlight para o remix de "Fruitful" que mete dois boss's que já falei por aqui: Ivan Ave e Juju Rogers! Ainda, a nova de IAMNOBODI e a voz de Billie Holiday em "Eleanora", que fecha em beleza mais uma lista.
Aberto com "Take it Easy My Brother Charlie" de Jorge Ben Jor no início. Play!
O dom que muitas faixas desta secção é o de reconhecermos o som mesmo sem o conhecer... Com "Luchini (This Is It)", quando a ouvi há 5 anos e com "Street Talkin'", quando a ouvi há 5 dias!
"Luchini" é um clássico dos meus últimos anos. Estamos em 1997 e esta é a faixa de marca do aclamadíssimo "Uptown Saturday Night". Com um sample vindo directamente dos anos 80', "Adventures in the Land of Music" é a base perfeita para ser abusada por uma batida que faz qualquer cabeça abanar no ritmo acertado! Impossível não curtir ao máximo a maneira como aquelas letras vão batida abaixo... what??
Ando dois anos para frente, nineteen ninety nine! A colaboração do "pirata" Slick Rick com os Outkast é material de nível... A maneira de rapar de Slick Rick é daquelas coisas imperdíveis. Inconfundível. Eletricidade em Big Boi, que mete mil palavras num verso. Também ele não se confudirá com mais ninguém. "Slick Rick and OutKast is on this jam". Que bem!
Camp Lo - "Luchini (AKA This Is It)" de "Uptown Saturday Night" (1997)
Slick Rick - "Street Talkin'" de "The Art of Storytelling" (1999)
Sansai - "Diferente"
Ainda na ressaca daquele que é - para já - o álbum deste ano no Sótão, a primeira é retirada de "99,9%" de Kaytranada! Não poderia deixar de ser, né? As playlists são fruto daquilo que ouço durante a semana... Mas houve mais: depois de Kaytra, caminhei pelo Hip Hop para chegar às batidas de pista de dança. Coisas antigas, coisas novas, vozes antigas em batidas novas, batidas novas de gente antiga.
As novidades dos lendários De La Soul e do habitué Sótão Jordan Rakei. Ainda as colaborações nas ondas da eletrónica de JKriv & Free Magic, que reiventam "It's Be That Way Sometimes" de Nina Simone, e dos brasileiros Fatnotronic & Felipe Sá que perguntam pelo samba: "Onde Anda?". Injecção old school dada por Mos Def & Ski Beatz e Regula. Uma descoberta que me envergonha: "Diálogo"! Porquê só agora??
Do Sótão pró inifinito. #42!
EDIT: entretanto é óbvio que a primeira da lista, de Kaytranada, foi retirada. Está difícil encontrar em stream! Fiquem com a página do Spotify!
Chegou. Vamos KAYTRATUDO nisto!
Enquanto escrevo chega-me aos ouvidos o novo álbum do produtor do momento! Já tinha ficado com água na boca com "Glowed Up" em colaboração com "Rei" .Paak, mas agora é momento de ir-me sentar no Sótão... deito-me mais tarde que se f***! Com calminha, ainda vou ouvir tudo enquanto escrevo. Uma Super Bock, tabaco, sento-me... por pouco tempo. "Track Uno" vai-me tirando do cadeirão.
KAYTRANADA - "Glowed Up" (feat. Anderson .Paak)
Ao mesmo tempo vou lendo umas cenas sobre o que teve por trás do álbum, descobrindo que o gajo andou aí desesperado para acabá-lo. Noite toda a produzir, dia todo a dormir, ciclos manhosos. Tudo com base num background depressivo, dificil de reverter. Fodasse... pela sua música pensava que Kay era um tipo todo "lá pa cima". As cenas dele são capazes de virar qulaquer pista de dança ao contrário! Mas realmente agora toca a "Bus Ride" e sento-me de novo. Grande faixa, grande vibe. Calma. Vou ouvir tudo.
“Cheerful and Utopian”
Continuo por "Got It Good" e "Together" e começa a formar-se algo muito consistente. Ritmo insaciável que me leva pela Disco, Soul R&B e Hip Hop. Bounce! Insaciável. E colaborações? Já falei de .Paak. Mas Craig David, AlunaGeorge, GoldLink, River Tiber, Vic Mensa, BADBADNOTGOOD, Phonte, Shay Lia, Little Dragon, Syd tha Kid... é demasiado. Abusadíssimo!
"One Too Many" = festa; "Despite the Weather" é a minha cena... flow... onda; um interlúdio antes de "Glowed Up" e de "You're the One" com Syd no vocal a pedir o passo de dança; eu contigo baby; "Vivid Dreams" confunde-se com a anterior...
Leio as palavras: cheerful and utopian. Sem tirar nem pôr. Músicas nostálgicas sobre dança. E "Leave Me Alone", já muito conhecida, é exactamente isso. A nostalgia de dança... com a batida pesadona a rebentar. Sexy. A 15ª, e última, está na linha... balas disparadas contra mim, impotente face à masterpiece que isto está. "Bullets" significa terminar em beleza.
"99.9%" está tudo para mim. Está tudo para o meu Sótão. KAYTRATUDO em 59m:08s. Cortesia da fábrica de magia: XL Recording.
PS: infelizmente o álbum ainda não está por aí na web para meter aqui tudo. Fico com a missão séria de atualizar este post e de deixar outras nas playlists.
EDIT: Aqui fica a página do Spotify! Viciado na 11 e 12...
Bonus Points - "NY Vibes"
Depois da última playlist pus-me a viajar na minha insónia. Fui ouvindo beats de Sam The Kid, esse herói da minha jornada musical desde que o "Pratica(mente)" me chegou às mãos. A noite já ia longa e voltei, um ano e meio depois, a ouvir "Tabacaria". A voz de Viriato Ventura a escorrer pelas colunas. A batida sensível de Sam a encher a alma de alguma coisa que não sei bem. E eu de olhos fechados, vendo para lá de tudo isso.
Lembro-me da última vez que escutei estes versos de Fernando Pessoa e de como me encontrava nessa altura. Mudou tudo, para nada. Pensei demasiado... Consequência de estar mal-disposto concerteza. Já não tinha tabaco.
“Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto. ”
Sam The Kid - "Tabacaria" (com Viriato Ventura)
Sam The Kid - "Slides (Retratos da Cidade Branca)"
Os planos para o fim de semana saem invariavelmente furados... A ilusão de que tudo vai ser aproveitado perde-se na noite anterior por volta da décima cerveja. As horas de acordar vão se atrasando, arrastando-me para a letargia de um sofá qualquer. Fico no meu estado Mr. Hyde, talvez porque nunca fui com a cara dos domingos.
Olho para o meu quarto por arrumar, lembro-me do "café, o sorriso, e outras encenações" de momentos passados. Sento e revisito o que ouvi durante a semana mas deixo para o fim os retratos de Sam the Kid. Com aquela guitarra e aquela voz de Viriato Ventura a puxar-me o último cigarro do maço. "Taxi".
7 faixas. Sangue novo.